Viver de música, em especial do rock in rool, está cada vez mais difícil no Distrito Federal. A procedência que alguns empresários têm em “abocanhar” parte do couvert artístico, ou ressarcir os músicos dias depois do show apresentado, está provocando grande indignação entre as bandas. Por esta razão, é que os músicos Davi Kaus, Tiago Araújo e Luiz Devita, irão protestar nesta quinta-feira (14) na Praça do Relógio em Taguatinga, a partir do meio-dia. Integrantes da banda, Davi Kaus e os Irmãos Metralhas, eles estarão em frente à estação do metrô para manifestar o problema, com o que sabem fazer de melhor: rock in rool ao vivo pro povão!
A atitude é na verdade, um projeto que visa a apresentação dos roqueiros em todas as estações do metrô, já que sob o aspecto de ser um protesto, os músicos não precisam de alvará para tocar na rua. O vocalista e guitarrista, Davi Kaus, integrante das bandas, Vitrine e Davi Kaus e os Irmãos metralha, afirma que o rock vem sendo “estrangulado” pelos bares e as chamadas “panelinhas governamentais”, que deixam de lado quem realmente precisa e esta veemente atuando. “Nós amamos rock in rool pela diversão e rebeldia, mas essa diversão e rebeldia vem sendo institucionalizada e corrompida. Não está dando mais para gritar nos botecos e casas de show como queremos, então vamos pra rua”, diz o cantor.
De acordo com Davi Kaus, o maior problema pelo qual os músicos têm passado é o de não receber a bilheteria no dia do show, ou, pelo menos no dia seguinte. “Os donos tem que entender que nós músicos temos nossas necessidades diárias, pois as contas não esperam, tanto para eles quanto pra nós. Temos que chegar num consenso para que fique justo para ambas as partes. Enquanto isso não acontece, o que nos resta é protestar, mas também temos que nos profissionalizar”, afirma Kaus. Segundo ele, os músicos devem se valorizar, exigindo que os donos dos estabelecimentos e produtores de show assinem um contrato pelo menos, acordando os pormenores sobre cachê (ou couvert), tempo de show, equipamento e passagem de som, consumação e afins. O músico ressalta ainda, que é preciso que conste no contrato os deveres do músico de cumprir o tempo de show, e multa se não comparecer. Ou seja, um contrato que seja justo tanto para o contratante, quanto para o contratado.
Enquanto os artistas protestam para que ganhem 100% do couvert, os empresários entendem que parte da verba deve cobrir alguns gastos de manutenção do estabelecimento. O comerciante Deusdeth Francisco Gomes da Cruz diz que as bebidas não dão muito lucro para o seu bar, e o consumo de energia elétrica ás vezes é alto, devido ao equipamento usado por algumas bandas. “ O artista sempre corre o risco de tocar para poucas pessoas. Eu fico com apenas 20% do couvert, e as vezes até 10%. E ainda pago sempre os músicos no mesmo dia do show e em dinheiro, e isso é difícil, pois a maioria dos clientes pagam a conta com cartão”, conta Deusdeth, que além de empresário também é músico.
Mas para os roqueiros manifestantes, os donos dos estabelecimentos deveriam mesmo ter um contrato a oferecer, pois isso poderia resolver a grande injustiça feita com os músicos, que são os principais responsáveis pelo lucro do estabelecimento. “Nós somos músicos e amamos o que fazemos, damos o nosso coração no palco e fora dele pela música. Não é um protesto fútil, é uma manifestação totalmente embasada na nossa vivência. Damos lucro e divulgação pros donos de bares e casas de shows, e também pros produtores. Só queremos nossa parte justa pra continuar trabalhando e sobrevivendo do nosso amor à música, só isso. Queremos que o público dance e se divirta junto com a gente”, finaliza Davi Kaus.
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